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10-11-2010

João Loureiro admite que os próximos dois anos serão de crise acentuada.


A crise está para ficar e, no melhor cenário, os piores anos deverão ser 2011 e 2012. A previsão é feita por João Loureiro, ...

A crise está para ficar e, no melhor cenário, os piores anos deverão ser 2011 e 2012. A previsão é feita por João Loureiro, professor na faculdade de economia da Universidade do Porto. Aquele especialista em macroeconomia, natural da Gafanha da Nazaré, revela que mesmo em caso de recuperação, a época de desafogo não chegará tão cedo. “Se as coisas correrem bem e normalmente, com aprovação de OE e estabilidade na execução, parece-me que os anos piores serão 2011 e 2012. Talvez se respire melhor a partir de 2013. Não é nos próximos anos que vamos viver na época de desafogo em que vivemos entre 1995 e até há pouco tempo”, antecipa o economista em declarações ao programa “Conversas”.

Doutorado em Economia na Universidade de Gotemburgo (especialidade em macroeconomia internacional e finanças), Professor Associado da FEP, onde lecciona nas áreas da Macroeconomia e da Política Económica e investigador do Centro de Estudos Macroeconómicos e Previsão (CEMPRE) da FEP, João Loureiro é o convidado desta semana do programa “Conversas”.

Na comparação entre Estados diz que a Suécia prova que é possível ter intervenção pública e cargas fiscais elevadas mas com retorno para os cidadãos desde que o dinheiro seja bem aplicado. “Essa experiência de vida na Suécia permitiu-me constatar que é possível viver num país onde o Estado gasta bastante dinheiro e cobra bastantes impostos mas onde os cidadãos não se importam de pagar porque vêem a contrapartida dos impostos que pagam ao estado. Aqui temos cargas fiscais extremamente elevadas mas muitos dos serviços públicos deixam muito a desejar. É possível haver intervenção do Estado no funcionamento da economia, é uma escolha política, mas de forma eficiente e eficaz”, sublinha João Loureiro em entrevista ao programa “Conversas”.

Na emissão desta noite (19h00), o economista da Gafanha da Nazaré aborda a introdução de portagens nas Scut e além das críticas ao sistema de cobrança, aponta a proliferação da construção de auto-estradas como um erro. “Esse tipo de despesa é despicienda. O país não é suficientemente rico para ter várias auto-estradas, paralelas, nas mesmas direcções. É uma despesa mal realizada e mal financiada. Houve uma opção de fazer obra e agradar aos eleitores para mais tarde alguém pagar. Chegamos à altura da verdade de pagar contas. Esse é o problema. Vemos que não há dinheiro e o que acontece são soluções que são remendos. Provavelmente, é mais o mal que provocam que o bem. Esta introdução de portagens virtuais é um sistema de pagamento que não faz qualquer sentido”, revela o economista que desaconselha a construção do TGV no imediato. “Acho que o TGV, hoje, é uma má decisão. Não tenho dados sobre custo/benefício mas acho que não é oportuno porque a economia debate-se com dificuldades de acesso a financiamento externo. Numa situação em que temos graves dificuldades de obter financiamentos adicionais não me parece oportuno que os poucos financiamentos venham a ser usados para construir o TGV. Penso que não é o mais urgente”, conclui João Loureiro.


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