A DOENÇA FOI MAIS FORTE DO QUE ELE

Cale-se a crónica habitual. Hoje, falemos de um Homem que já deixou o chão dos vivos. Alípio da Assunção Sol. Mais cedo do que alguém esperava.

Os dias ou os anos são de espuma ou de frágeis laços. Tudo se desfaz ou quebra num instante, deixando um rasto de dor, tristeza e saudade. A doença foi mais forte do que ele, tramou-o. Alípio, antes e depois de ser político, foi duplamente pai.

Herdou os valores da família e da solidariedade, a começar entre os seus, não enjeitou as suas responsabilidades. Em vez de dois filhos, criou quatro. Dois, que os pais deixaram cedo, caíram-lhe nos braços.

Era o primeiro e rude golpe. Agora, aconteceu o segundo, em tempo do guerreiro desfrutar dias de sossego. Alípio foi um guerreiro pelo desenvolvimento e progresso do concelho. Foi um autarca incansável, sonhador. Ele sonhava muitas coisas boas e realizou muitas delas, com muita persistência e querer. Um só exemplo: a criação da Comarca.

Num tempo em que não havia tantos rendimentos e muito menos fundos da CEE. Para ele, o concelho de Oliveira do Bairro tinha que ser como os outros concelhos em redor, ter estruturas e bases para um futuro melhor. Fez o que fez, o que conseguiu e o deixaram fazer. Mas, em abono de toda a verdade, Alípio deu os primeiros passos, grandes e difíceis para o tempo, para que o concelho fosse o que é hoje.

Um dia, a propósito da realização de mais uma Fiacoba, escrevemos em semanário de Águeda um texto, que tinha o título "Homem sem sono", o que queria dizer que Alípio não descansava, era combativo, em muitas frentes, realizador, voluntarioso quanto baste. Só a doença, injustamente, o derrotou. Agora que partiu, a paz, merecida dos homens bons!
Diário de Aveiro



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