QUATRO HORAS DE ESPERA É O TEMPO MÉDIO

Maria da Graça Martins, reside em Arcos, Anadia, mas, na passada quinta-feira, recorreu ao Serviço de Urgências de Águeda. "Já tinha ido três vezes à consulta aberta da minha cidade mas, como não faziam nada à minha mãe, decidi vir com ela ao hospital", contou, indignada, ao Jornal da Bairrada.

Com o filho de cinco anos também doente, "cheio de febre", optou por vir aqui por ser mais perto e porque pensava que seria mais rápido. "Afinal estava enganada. Ainda tive que me pôr para aqui a reclamar, porque a minha mãe nunca mais entrava. A espera já estava a ser exagerada e cheguei mesmo a pedir o livro de reclamações. Foi da maneira que entrou logo", explicou Maria da Graça Martins.

A mãe, já com 86 anos, é insuficiente cardíaca, e por isso fica tão preocupada. Reconhece que até foi mal-educada, mas "teve que ser". Chegou ao hospital às 16h e às onze da noite ainda por ali ia ficar. Já mais calma, uma vez que a espera de agora se devia ao "bom atendimento lá dentro. Têm feito todos os exames à minha mãe. Há pouco estive a falar com ela e disse-me que toda a equipa médica estava a ser impecável. Apesar do sofrimento, está muito satisfeita. Não tem qualquer razão de queixa." No entanto, queixas é o que não têm faltado no Gabinete do Utente do Hospital Distrital de Águeda.

Maria do Rosário Franco, assistente social e técnica responsável por este gabinete, reconhece que, "com o aumento da procura, aumentam também as exposições". A principal reclamação é o tempo de espera, "embora as pessoas reconheçam que os profissionais fazem tudo o que está ao seu alcance."

Segundo Maria do Rosário Franco, actualmente, o tempo de espera para uma consulta de urgência ronda as três/quatro horas, enquanto que antes dificilmente ultrapassava a hora e meia.

Em 2007, a procura ao Serviço de Urgências aumentou 10% face ao ano anterior mas, só em Dezembro, o acréscimo ultrapassou os 30% face a 2006.

Para Sousa Alves, presidente de administração do Hospital, há várias explicações. "Para além de um pico de época, os ditos "encerramentos" dos SAP de Águeda, Albergaria-a-Velha e Sever do Vouga, assim como o fecho das urgências em Anadia, acabam por ter reflexos. Como felizmente temos um bom serviço e à nossa volta os hospitais estão saturados, acabamos por ser ‘penalizados’ por termos esta boa oferta."

Embora as equipas administrativas e de enfermagem tenham sido reforças e já esteja a diligenciar-se a vinda, por uns dias, de mais médicos, as actuais condições físicas do Hospital também contribuem para este "congestionamento". Para breve, Sousa Alves espera ver alargado o Hospital de Águeda, projecto já em fase de estudo.

Salomé Castanheira

scastanheira@jb.pt
Diário de Aveiro



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