O coração voltou a falar mais alto e fez regressar Augusto Semedo ao Recreio Desportivo de Águeda. O clube está mergulhado nos lugares de descida, e não é a primeira vez que Augusto Semedo pega no clube nesta situação. Por duas vezes, nas épocas de 1999/2000 e 2002/03, evitou a descida. O novo técnico dos Galos do Botaréu está consciente das dificuldades, mas acredita que, com o envolvimento de todos, é possível dar a volta à situação. “Desejava que a realidade fosse diferente” Infelizmente, pelos piores motivos, o Águeda tem sido fiel à tradição, que é ter mais do que um treinador por época. A época começou com José Santos, que, entretanto, seria despedido para dar lugar ao desconhecido Vítor Silva. As coisas também não correram bem com Vítor Silva e a derrota na Gafanha, mais uma, apressou nova mudança técnica. Augusto Semedo tem sido uma espécie de bombeiro, que, nas horas de aflição, chamado para apagar todo o tipo de fogos. Foi abordado no início da época, não aceitou, e agora está de regresso, de novo com o mesmo objectivo livrar o Águeda da descida de divisão, contando com o apoio dos adjuntos Carlos Miguel e Rui Marques. -Antes do início da época, foi convidado. Recuou e agora aceitou. Quais os motivos do sim agora? -O primeiro convite surgiu apenas face às circunstâncias do momento e não como uma opção genuína. Desta vez, o apelo foi tão forte que o coração não resistiu e algumas razões ajudaram a superar outras. -Sente que, quando o Águeda está numa situação aflitiva, como é o caso, os seus dirigentes procuram os seus serviços como uma reserva moral do clube? -Que me procuram em momentos complicados é uma evidência. Gostaria, porém, de não falar sobre os motivos por que isso sucede, embora deva ressalvar que não tenho um gosto especial em ser chamado apenas nestas circunstâncias e que desejava que a realidade fosse diferente. As dificuldades estimulam a superação -O clube está mergulhado nos lugares de descida de divisão. O que será possível para alterar este estado de coisas, sendo o terceiro treinador da época? -A equipa tem pela frente um desafio difícil mas aliciante. A realidade é que é a penúltima classificada, fazendo 9 pontos em 13 jogos e estando a sete pontos da primeira equipa situada acima das posições de despromoção. Mas as dificuldades estimulam a superação e é em momentos como este que sabemos até onde vão as nossas qualidades. Não apenas as qualidades futebolísticas - e há coisas a melhorar? - mas também as manifestações de vontade e as qualidades morais fundamentais para alicerçar o êxito. Salvação à vista “Não serei eu a salvar o clube da descida. O êxito ou o fracasso depende do envolvimento efectivo de todos, equipa, direcção e associados. Pessoalmente, procurarei contribuir para inverter uma realidade para a qual não contribui minimamente mas, que não me deixa indiferente. Sabe, não custa tentar; sempre é melhor do que ficar acomodado ou preso a justificações comezinhas. Assumir é sempre melhor que fugir ou refugiar-se na indiferença! O essencial é dar o máximo na procura de um objectivo e chegar ao fim consciente de que tudo se fez para o alcançar. Tudo o resto são questões marginais”. -O que conhece da realidade actual do clube? -Desportivamente, o essencial. Manuel Zappa zappa@jb.ptDiário de Aveiro |