OS TEXTOS EVOCAM O GRANDE POETA DO AMOR

Sara Carvalho, docente no Departamento de Comunicação e Arte da UA, estreia, amanhã, 24 de Março, uma ópera curta intitulada «Natércia», com libreto de Ana Luísa Amaral. O espectáculo, com repetição agendada para Sábado, 25 de Março, tem início às 21h00, na sala Jardim de Inverno do Teatro Municipal São Luiz.

O Ópera Estúdio de Lisboa, em co-produção com a EGEAC, E.M./Teatro Municipal São Luiz em Lisboa e com o apoio do Teatro Nacional S. Carlos leva a cena oito óperas curtas seleccionadas após abertura da primeira edição do Concurso Nacional Bienal com o título «Ópera em Criação: Criação e Produção de Ópera Portuguesa».

A estreia das últimas quatro das óperas seleccionadas será na sala Jardim de Inverno do Teatro Municipal São Luiz, nos dias 24 e 25 de Março de 2006, às 21h00. Neste programa será estreada uma ópera curta de Sara Carvalho (docente no Departamento de Comunicação e Arte da UA) intitulada “Natércia” e com libreto de Ana Luísa Amaral.

Os textos da Ana Luísa Amaral evocam o grande poeta do amor e a sua respectiva musa: Camões e Catarina/Natércia (anagrama de Dona Caterina de Ataíde). Nesta ópera curta foi objectivo da compositora retratar musicalmente a revelação de um triângulo amoroso: Catarina é a mulher de carne e osso que vê o poeta (Camões) dialogar com a sua sombra (Natércia). Natércia deseja ser Catarina («Reúne-te comigo, / minha amiga, / minha metade / que desejo inteira//), que por sua vez quer ser transformada em poema («Eu sou só essa / que sonhou / Aquele / que entre sonhos / e versos / me sonhou //).

Natércia personifica assim a tensão que há entre nós e o que está para lá de nós. O amador atinge a sua satisfação plena fora do mundo real, e só consegue apenas ver Natércia. Entre Catarina e Natércia vai estabelecer-se um jogo entre o real (corpo) e a ilusão (paixão) Uma é imagem da outra, dialogam entre si, e os seus papeis são de reversibilidade («Nunca eu por inteiro, / embora a meio, / assim me és: //)

Musicalmente os personagens são associados a instrumentos musicais que ganham voz e presença próprias, em íntimo diálogo. Assim, a cada um dos instrumentos de cordas é associada uma personagem (Catarina - Violino, Natércia - Violoncelo, Camões - Contrabaixo), a trompa personifica a união de Catarina e Natércia e simultaneamente “bloqueia” a aproximação destas com Camões?

Sara Carvalho

Sara Carvalho nasceu no Porto em 1970. Iniciou os seus estudos musicais aos 3 anos e começou a compor em 1984 com Fernando Lapa. Entre 1990 e 1995 estudou composição na Universidade de Aveiro com João Pedro Oliveira. Completou um Mestrado em Música (MA) em 1996 na Universidade de York, Inglaterra. Foi bolseira da JNICT / PRAXIS XXI (1996 - 1999) que lhe permitiu realizar um Doutoramento em composição (DPhil) na Universidade de York, com Nicola LeFanu. Estudou e participou em diversos cursos com Emmanuel Nunes, Betsy Jolas, Kurt Schwertsik, Brian Ferneyhough, Michael Finissy, Jonathan Harvey e Roger March.

De momento prepara uma obra que foi encomenda do Grupo de Música Contemporânea de Lisboa, outra para a Filarmonia das Beiras e está também a trabalhar em Solos VIII, a próxima obra do cíclo Livro dos Solos.

Directora artítica e membro fundador do Momentum, grupo de música contemporânea, Sara carvalho é Professora Auxiliar no Departamento de Comunicação e Arte da Universidade de Aveiro, onde ensina Composição, Análise e Orquestração.
Diário de Aveiro



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