Numa iniciativa do departamento de História da E.B 2/3 de Vilarinho do Bairro, a Feira “novecentista” levada a cabo nas instalações daquele estabelecimento de ensino acabou por envolver toda a comunidade escolar afecta ao Agrupamento de Escolas de Vilarinho do Bairro, num total de mais de 1300 alunos. Um enorme sucesso que levou já os principais responsáveis pela iniciativa a admitir uma segunda edição, no final do próximo ano lectivo.Regresso ao século XIX Tratou-se de uma recriação de uma feira histórica, evocativa do século XIX, que teve lugar durante o passado dia 23 de Junho, no âmbito das actividades lectivas para o final do ano escolar, e, embora tenha sido a primeira realização do género, naquele estabelecimento de ensino, a verdade é que o empenho, a dedicação e o envolvimento de toda a comunidade escolar se traduziu de forma concreta em cerca de duas dezenas de barraquinhas de venda de produtos tradicionais variados (hortaliça, frutas, animais vivos, doces tradicionais da época, frutos secos, artesanato, ramos de cheiro, ervas aromáticas, enchidos) que estiveram espalhadas ao longo do recinto exterior da escola. Num verdadeiro regresso ao passado, o evento prolongou-se por todo o dia. Tudo foi preparado até ao mais ínfimo pormenor, com todos os “feirantes” (alunos, docentes, pessoal auxiliar e administrativo) vestidos a rigor. De igual forma os utencílios utilizados eram de outros tempos, os alimentos transaccionados e as embalagens utilizadas, apresentadas de forma cuidada e retratando o mais fiel possível a época em que viveram os nossos bisavós. Enfim, o ambiente “cheirava” ao século XIX e quem teve a possibilidade de passar pelo local recuou obrigatoriamente no tempo, numa aula de história viva. Isso mesmo foi avançado ao nosso jornal por Glória Campolargo, coordenadora do departamento de História daquela escola: “como era complicado e mais difícil levar a cabo uma freira medieval optou-se por uma feira novecentista, da época dos nossos bisavós e mais fácil de recriar, uma vez que o vestuário utilizado na época ainda se encontra nos baús de muitas famílias”, explicou sublinhando ainda “o empenho e o entusiasmo de todos em torno deste projecto que envolve ainda todas as escolas do agrupamento - primárias e jardins de infância”. Ao mesmo tempo Glória Campolargo recorda que “este tipo de eventos permite ainda proporcionar a todos uma aula viva. Todos aprendem como era o vestuário da época, os utencílios, os materiais e a forma de apresentar os produtos”. A pare destas delícias, teve ainda lugar, na escola, uma exposição de roupa branca de casa e de vestir (interior) também do final do século XIX. A JB a coordenadora do departamento de História avançou também tratar-se de “uma exposição única, só possível graças ao empenho e boa vontade de muitos docentes que para aqui trouxeram peças pessoais, algumas delas retiradas dos baús das bisavós”. Das inúmeras peças presentes destacam-se, pelo seu bom estado de conservação, conjuntos de roupa interior de senhora, um fato de baptizado, uma camisa de dormir, várias toucas de bebé e chapéus, calçolas, meias e, na roupa branca, de casa, várias toalhas, colchas, almofadas, dobras de lençol, sacos de retalhos, toalhas, tudo tendo por base materiais como o linho, as sedas e o algodão. Mas, se esta exposição se encontrava exposta num local mais recatado, dentro da escolas, cá fora a agitação e a animação foram grandes ao longo do dia a que se associou ainda a celebração (antecipada) do S.João com direito a cascata, num trabalho realizado pelos alunos da escola nas aulas de Religião e Moral e jogos tradicionais. No final do dia associaram-se à festa os pais e familiares já que se tratou de uma iniciativa aberta a toda a comunidade. A Associação de Pais e Encarregados de Educação promoveram um churrasco (porco no espeto), terminado o dia festivo pela noite dentro com a realização de um espectáculo (teatro de sombras) promovido pelos alunos, incluindo o já tradicional desfile de moda. Ivone Saraiva, presidente do Conselho Executivo da escola congratulou-se pela realização que avançou ter sido, desde início “muito acarinhada” até porque defende que as escolas “precisam deste tipo de actividades que envolvam toda a comunidade educativa, todo o agrupamento” e ao mesmo tempo “fortalecendo os laços que existem entre todos nós”, acrescentaria. Catarina CercaDiário de Aveiro |