IMPOSTO DE IMÓVEIS CAUSA PROBLEMAS ECONÓMICOS AOS JOVENS CASAIS

Os jovens casais que adquiriram habitação própria, poderão ter, a curto prazo, despesas acrescidas que resultam das recentes avaliações das suas casas com vista ao pagamento do Imposto Municipal de Imóveis (IMI). São valores que poderão causar graves problemas financeiros aos jovens que, em início de vida, se endividaram para construir casa.

Despesas acrescidas

Aos elevados empréstimos, muitas das vezes contraídos pelos casais, junta-se agora o pagamento do IMI que, numa moradia com uma área bruta de 200 metros, dependendo da localização, poderá representar um acréscimo de 16 a 20 contos por mês.

São contas que muitos casais não fizeram quando contraíram, junto da banca, elevados empréstimos que, em muitos dos casos, quase chegaram ao limite da sua capacidade de endividamento. Pedidos que foram efectuados numa altura em que o Banco Central Europeu aplicava as taxas de juros mais baixas das últimas décadas e que, agora, devido à suposta retoma económica, poderão subir alguns pontos percentuais.

Segundo fonte de uma reputada imobiliária de Oliveira do Bairro, muitos dos construtores civis já começaram a deparar com problemas na venda dos imóveis, sublinhando que muitos casais demonstram, actualmente, algumas reticências em construir ou adquirir novas habitações quando deparam com esta realidade.

De sonho a pesadelo

Mas já há quem faça as contas, mesmo sem ter a casa pronta, como é o caso de Paula Ferreira, de 24 anos, que escolheu o Troviscal para construir a sua moradia.

Esta jovem afirmou ao Jornal da Bairrada que “pensou em construir uma casa para não pagar renda o resto da vida e nunca ter nada. Queria ter alguma qualidade de vida”, no entanto, o que “se revela um sonho, poderá passar em breve a pesadelo”.

É que Paula Ferreira já fez as contas e terá que pagar 1000 euros por ano de IMI que não faziam parte do seu orçamento familiar quando pensou em construir a casa.

“É uma quantia absurda que não faz nenhum sentido. Como é que vou pagar este imposto quando já contraí um empréstimo para construir a casa?” Ou seja, nas suas contas, “é mais uma prestação que vou ter que pagar e que me vai retirar a qualidade de vida que tanto desejava”.

Paula Ferreira vaimais longe e questiona mesmo os responsáveis políticos: como é possível, o concelho apresentar taxas semelhantes às praticadas em Aveiro?

“Oliveira do Bairro de cidade não tem nada, apenas população. Como é possível aplicar um coeficiente de 0,85 no Troviscal? Afinal onde estamos”?

Perfeita vergonha

Recorde-se que Acílio Gala sublinhou, na semana passada, ao JB que “é uma perfeita vergonha o que se está a passar”, sublinhando que “a situação poderá provocar sérios problemas no desenvolvimento de todo o concelho de Oliveira do Bairro”.

O autarca explicou ainda que vai dar conhecimento ao director da Direcção Geral de Impostos e à Associação Nacional de Municípios Portugueses para que as variáveis da periquação que estão na origem destes cálculos sejam alteradas.

Acílio Gala afirmou também que a autarquia não teve influência nos valores da legislação e que os coeficientes dos vários locais do concelho foram efectuados a partir de dados estatísticos, reconhecendo que existem muitos imóveis que são avaliados muito acima daquilo que são vendidos.

O edil disse, posteriormente, ainda que a Assembleia Municipal de Oliveira do Bairro, que aprovou a aplicação máxima dos valores previstos por lei destinados à cobrança do IMI, poderá rever em baixa a taxa para o próximo ano.

Pedro Fontes da Costa
pedro@jb.pt
Diário de Aveiro



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