ASSOCIAÇÃO DESPORTIVA - SUBIDA E CONTINUIDADE

Depois de um hiato de seis anos, foi chegar ver e vencer - o Paredes do Bairro voltou a fazer história. É campeão da zona Sul da 3.ª Divisão e prepara-se para atacar o título com o Beira Vouga,.

“As coisas evoluíram a nosso favor”

Com apenas duas derrotas, ambas em casa, com o Mamarrosa e Antes, o Paredes do Bairro não teve grandes dificuldades para impor a sua superioridade. Daí a subida de divisão.

No início da época, Artur Gorjão, presidente do clube, aflorou que o Paredes tinha um plantel para fazer bons resultados, mas nada de subir de divisão. No balanço da carreira da equipa, e questionado sobre o que mudou antes e depois, Artur Gorjão dá-nos a sua visão: “Quando disse que os nossos objectivos não passavam pela subida foi por desconhecimento das outras equipas. Também disse que íamos pensar, jogo a jogo, e ver até onde podíamos chegar”, ripostou, para logo acrescentar: “As coisas evoluíram a nosso favor e, em relação às equipas adversárias, fomos sempre superiores, daí o resultado do primeiro lugar”.

Artur Gorjão não tem dúvidas em reclamar que a época correu melhor do que pensava e, instado a comentar onde esteve a chave do sucesso, disse que “esteve nos jogadores, treinador, directores e em todas as pessoas de Paredes do Bairro e de fora da terra que nos apoiaram”.

No seu íntimo, o presidente do Paredes do Bairro esperava a subida: “Com o lote de jogadores de que dispunha eu não pensava ser primeiro, mas pensava ter equipa para subir. Nunca o transmiti, mas estava nos meus horizontes e da direcção”, frisou Artur Gorjão.

No regresso do futebol a Paredes do Bairro, a comunhão de esforços, desde massa associativa, população e não só, foi muito boa: “Gostava de agradecer à massa associativa e a todas as pessoas que nos apoiaram, inclusive os nossos emigrantes, que, apesar de não estarem a residir em Paredes do Bairro, sempre nos deram a sua contribuição. Como é lógico, porque não quero ferir susceptibilidades, não vou referir nomes, mas a sua ajuda foi muito importante”.

Mas a direcção teve outros apoios como de empresas da terra e de fora dela, da Câmara Municipal de Anadia, Junta de Freguesia e Centro Social de Paredes do Bairro. A massa associativa também teve um papel relevante. Os sócios e amigos foram contactados, porta a porta, e todos os que foram visitados pela direcção corresponderam, num clube sem dívidas e que chega ao fim com saldo positivo.

“Eu gostava de se campeão”

Consumada a subida, agora seguem-se os jogos com o Beira Vouga para apurar o título de campeão da terceira divisão distrital: “Eu gostava de ser campeão. É lógico que essa pergunta devia ser feita ao treinador e jogadores, mas não tiro uma vírgula daquilo que vou dizer. Quero ser campeão, fazia-me sentir bem”, opinou Artur Gorjão.

Se no início da época Artur Gorjão escondeu a subida, não escondeu que um dos seus grandes objectivos era que o futebol em Paredes do Bairro não tivesse uma passagem efémera. Olhando para o futuro, esta direcção, quando decidiu avançar com o futebol federado, pensou em arranjar condições de sobrevivência para próximas direcções. Uma época depois, com tudo a correr bem, a questão era pertinente. Saber se Artur Gorjão irá continuar como presidente. Existem algumas reservas, mas nas entrelinhas deixou a promessa de continuidade: “Tenho que dividir a pergunta em vários cenários. O meu objectivo é dar continuidade ao trabalho encetado há um ano. Por isso não pretendo abandonar o clube, mas coloco algumas reservas. Se não tiver o apoio da autarquia, junta de freguesia e Centro Social, é bastante difícil continuar”.

Depois de breve pausa, o presidente do Paredes do Bairro falou que é necessária fazer uma reestruturação: “Pretendo formar uma equipa de directores que me dêem alguma garantia de trabalho, porque tenho a minha vida profissional e pessoal e não posso estar diariamente nos treinos e nos jogos”, acrescentando que a reestruturação passa por uma “direcção com responsabilização de sectores, desde condições de campo e logística, apoio nos treinos e jogos e com iniciativa financeira”, concluindo, que, se estas directrizes forem conseguidas, “vou continuar mais um ano”.

O ESPERADO

Ao aceitar treinar o Paredes do Bairro, um sonho antigo, Fernando Brasileiro tinha uma fé inabalável de que era capaz coleccionar nova subida de divisão, a terceira na sua curta carreira de treinador. Foi, assim se pode dizer, materializar dois objectivos num só. “Foi um projecto que eu tinha estipulado no início da época e que foi conseguido, ser campeão”, disse o técnico paredense.

Fácil ou difícil?

“A nível de jogo até foi fácil. Era o que eu esperava”, frisou Fernando Brasileiro.

Agora, frente ao Beira Vouga, as perspectivas, segundo o treinador, são para ganhar: “Já que chegámos até aqui, se tivermos atitude, temos boas condições de sermos campeões”.

Manuel Zappa
Diário de Aveiro



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