Muito se falou, durante a semana finda, de retratos, fotografias e os lugares onde estavam pendurados. É costume os partidos políticos ter retratos dos seus líderes ou fundadores no espaço nobre das suas sedes.

O secretário-geral do CDS-PP teve a infeliz ideia de, numa atitude revanchista pós eleitoral, dizer, em público, que iria enviar a foto de Diogo Freitas do Amaral para o largo do Rato, ou seja, para a sede nacional do PS.

Ficou-lhe mal e muitos portugueses e democratas-cristãos não perceberam o seu mau perder. Acho até que o próprio se arrependeu, mas? já era demasiado tarde. A política tem destas coisas; falou sem pensar, tramou-se? enganou-se assumiu (é o que dizem nestes casos)

Também a propósito deste envio de fotos e retratos, parece que o socialista Armando Vara, ao ser perguntado se a referida fotografia sempre tinha arribado à sede do seu partido, respondeu, enfadado, que sim, mas, logo sorrindo e achando que tinha um grande coisa para comunicar, retorquiu que também tinham lá uns quatro ou cinco retratos para também enviar. Já estava a ganhar ao CDS, pensou ele.

Já viu o leitor se a moda pega? Os Correios arranjaram um nicho de mercado onde vão com certeza poder ganhar muito dinheiro.

Um mero e fraquíssimo exercício de busca pelos chamados vira-casacas nacionais daria logo para encher um caixote em cada sede de partido. Querem ver lembram-se do malogrado ministro das Finanças, Sousa Franco? Foi fundador do PSD e lá tem o retrato pendurado na escadaria.

O MRPP teria de arranjar um grande caixote para guardar as encomendas recebidas ou um salão nobre enorme para pendurar as figuras mais ilustres deste País que derivaram para a direita, como são exemplos, Durão Barroso ou o nóvel bloguista Pacheco Pereira.

O PCP teria de contrair um empréstimo bancário e gastar muito, mesmo muito dinheiro em selos, tal a quantidade de fotos que tinha de enviar para todos os lados.

A debandada foi grande no PCP. Um exemplo de grande salto acrobático é, sem dúvida, a deputada social-democrata Zita Seabra.

Muitos dos ex-comunistas descaíram para o PS ou bloco de esquerda. O bloco ainda é novo para estes saltos, mas, por cautela, deve já começar a guardar bastante espaço na sua sede. Conseguiu o rápido crescimento, mas, mais tarde ou mais cedo, dará em deserções quando já não estiver na moda.

Em alternativa, e porque têm a mania de ser vanguardistas, talvez nessa altura enviem umas aguarelas abstractas dos seus grandes mentores. No CDS, parece que só dois líderes não saíram do partido.

E o PS?

Lembram-se quando meteram o socialismo na gaveta. Desse tempo quantos restam? Quantos se baldaram com esse pretexto para engrossarem as gestões dos grandes bancos e empresas? Até para o Iraque vão ter de mandar retratos e para a sede da Federação Portuguesa de Futebol.

E isto é só no âmbito nacional! Já viu o leitor se a uso pega nos concelhos e freguesias de Portugal? E no futebol! Será que o Sporting já enviou a foto de Simão Sabrosa para o estádio da Luz?

Vou para carteiro, à comissão.

António Granjeia*
*Administrador do Jornal da Bairrada
Diário de Aveiro