TRÊS PASSAGEIROS NA VIAGEM INAUGURAL DE SERVIÇO TRANSPORTES

Três passageiros integraram hoje a viagem inaugural do serviço de transportes urbanos de Cantanhede (TUC), Coimbra, apesar do autocarro de 19 lugares, que iniciou a marcha cerca das 07:30, ter circulado repleto de responsáveis autárquicos e jornalistas.

Os Transportes Urbanos de Cantanhede irão funcionar, nos próximos três a seis meses, em fase experimental, num percurso de 12 quilómetros entre o centro da localidade e a zona industrial.

O projecto, que resultou de um estudo de viabilidade elaborado pela Universidade de Coimbra, é promovido pela autarquia e pela empresa municipal INOVA, recorrendo a dois autocarros alugados, num percurso urbano que demora 30 minutos a percorrer.

Durante a semana, os autocarros saem a cada 15 minutos entre as 07:30 e as 20:00 e ao sábado entre as 07:30 e as 13:30, não existindo serviço ao domingo.

Hoje, três minutos após a hora marcada, o primeiro autocarro iniciou a marcha no largo fronteiro ao edifício da Câmara Municipal, dirigindo-se à zona sul da cidade.

No entanto, os dois primeiros passageiros - um jovem estudante e uma empregada fabril - só apareceram mais de 15 minutos depois, já o veículo circulava na zona norte da cidade.

Após a zona industrial, nova paragem para recolher o terceiro passageiro, uma empregada da Misericórdia local.

Maria Fernanda Abrantes reside a cerca de oito a dez minutos "de carro" do local de trabalho, mas hoje optou pelo autocarro, apesar do marido "por uma questão de precaução" manter a viatura familiar a postos, enquanto a mulher esperava pelo transporte público.

"Estava com medo que não chegasse a horas, mas veio. Se der resultado vou passar a ir de autocarro", afirmou à Agência Lusa.

às 08:00 em ponto, o mini-autocarro chegou ao final do primeiro percurso, cronometrado por António Alves, administrador da INOVA, embora este responsável tenha admitido proceder a "reajustamentos" nos horários das carreiras.

"A zona norte é capaz de ter de sofrer reajustamentos, está um bocado apertado", disse.

O administrador da empresa municipal revelou-se "optimista" quanto à viabilidade do serviço, apesar do reduzido número de passageiros na viagem inaugural.

"Fomos calculistas, tanto que não partimos para a compra mas sim para o aluguer dos autocarros. Dificilmente nos próximos anos iremos atingir a rentabilidade. O estudo aponta para 1.200 passageiros diários, se atingirmos 700 a 800 nos primeiros anos já será bom", disse.

O administrador da INOVA frisou ainda que o primeiro dia "não permite avaliar o serviço". "Daqui a um mês já poderemos fazer contas, não no primeiro dia", disse António Alves.

Já Jorge Catarino, presidente da Câmara Municipal de Cantanhede, apontou a hora "de pouco movimento" e o período de férias de Natal e Ano Novo para a reduzida adesão dos passageiros à primeira viagem dos TUC.

"As férias quebraram a procura dos passes e bilhetes pré- comprados. De sexta a domingo não se vendeu nada, a chave deste serviço serão os passes", frisou.

O passe mensal tem um preço de cinco euros, valor que desce para os três euros no caso dos estudantes e para os 2,5 euros para idosos a partir dos 65 anos.

Os bilhetes pré-comprados custam 20 cêntimos (30 cêntimos, se o título for adquirido no autocarro).

Aquando da apresentação do projecto, em Dezembro, o autarca tinha assumido que os bilhetes e passes "têm um preço baixo relativamente aos custos".

Além disso, a Câmara de Cantanhede suporta o "custo social" dos passes de estudantes e seniores [a diferença de preço entre aqueles e o passe normal], disponibilizando, para esse efeito, 50 mil euros.
Diário de Aveiro



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