UM QUARTO DOS JOVENS PORTUGUESES JÁ EXPERIMENTOU CANNABIS

Um quarto dos jovens portugueses entre os 15 e os 24 anos já experimentou cannabis, sendo fácil para 60 por cento comprar a droga perto da escola que frequenta, revela um eurobarómetro divulgado hoje em Bruxelas.

"Os jovens e a droga" aborda as atitudes e opiniões dos jovens europeus da União Europeia (UE) a Quinze em relação às drogas, mas vai mais longe ao perguntar directamente aos inquiridos se já consumiram, avaliando a evolução entre 2002 e 2004.

Este ano, 23 por cento dos jovens portugueses afirmaram já ter fumado aquela droga, enquanto que em 2002 esse valor era de 14 por cento, uma tendência que se verificou em geral nos Quinze.

Destes, sete por cento tinha-o feito no mês do inquérito (Abril deste ano), o mesmo acontecendo com cinco por cento dos que responderam às perguntas telefónicas há dois anos.

O país que lidera é a Espanha, onde 44 por cento dos jovens que responderam já consumiram cannabis, enquanto a média europeia se situa nos 33 por cento.

Quanto ao local de compra do produto em Portugal, a maioria (85 por cento) considera fácil obtê-lo na "noite" e nos bares e discotecas, mas as zonas perto das escolas são igualmente pontos acessíveis de compra para dois terços dos inquiridos, assim como o local onde habitam.

A droga de eleição entre os 500 inquiridos em Portugal é o tabaco (36 por cento afirma fumar regularmente) e o álcool encontra também bastantes adeptos, com um quinto dos jovens a afirmar consumir bebidas alcoólicas regularmente.

Quanto à percepção do perigo, apenas seis por cento dos portugueses consideram "muito perigoso" o consumo do tabaco e 11 por cento o álcool, enquanto 66 por cento avalia como "perigoso" o consumo de cannabis. Em contrapartida, a droga sintética ecstasy não representa qualquer perigo para 12 por cento.

Em geral, na Europa - assinala o estudo - há poucas diferenças na percepção dos perigos da droga, com a heroína (fumada ou injectada) a ser considerada a pior, embora o ecstasy e a cannabis dividam as opiniões.

Quanto à motivação para o consumo, oito em cada dez portugueses apontam a "curiosidade" como a principal razão para experimentar drogas, enquanto que 44 por cento não descura a possibilidade de pressão de outros jovens.

E onde se informam os jovens portugueses sobre a droga? Apenas 12 por cento tem a escola como centro de informação, sendo que a maioria (69 por cento) prefere recorrer a centros especializados ou a profissionais de saúde (47 por cento), daí que um em cada dois inquiridos defenda mais campanhas de informação.

Esta seria igualmente uma forma de gerir o problema da droga, a par do tratamento e reinserção dos consumidores e de medidas mais firmes para os traficantes, defendem os inquiridos em Portugal.

Mais suave é a atitude perante os consumidores, em relação aos quais metade dos portugueses defende que não devem ser punidos pelo consumo e 71 por cento considera mesmo que as seringas e agulhas devem ser vendidas a preços baixos a toxicodependentes.

De forma mais radical, um terço considera que, se a droga fosse vendida a um preço mais baixo, haveria menos problemas, o que apenas acolhe a concordância de dez por cento dos europeus.

O estudo, que concluiu pela estabilidade da percepção do risco ligado às diferentes substâncias, a percepção muito diversificada sobre o ecstasy e a cannabis e a concordância na eficácia das campanhas de informação, servirá de base para a estratégia europeia sobre a droga para 2005/2012, que será apresentada no próximo ano.
Diário de Aveiro



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