NEGLIGÊNCIA DE MÉDICO QUE NÃO SOUBE LER CARTA DO COLE

Serve a presente para denunciar uma situação de negligência que terminou na amputação de uma perna do paciente em questão. Em meu nome e da minha família, passo a explicar o que sucedeu: No dia 16 de Setembro de 2004 Afonso Francisco Novo deu entrada nas urgências do Hospital Infante D. Pedro – Aveiro, queixando-se da perna esquerda, e fazendo-se acompanhar por uma carta do seu médico de família, e por mim, seu filho, António de Oliveira Novo. Resumidamente, na carta constava que havia “suspeitas de uma possível tromboflebite na perna esquerda. Também havia sido diagnosticado o mesmo problema há cerca de um ano atrás na perna direita, tendo o paciente sido submetido a uma cirurgia, na altura, nos Hospitais da Universidade de Coimbra, da qual recuperou totalmente. Quando o paciente foi atendido pelo médico de serviço (José Manuel), este mediu a tensão arterial e fez-lhe análises sanguíneas. Assim que os resultados das análises chegaram, o médico resolveu mandar o paciente para casa. Nessa altura perguntei ao médico se ele tinha lido a carta que o médico de família tinha enviado, ao que ele respondeu, de forma sumaria, que “não sabia ler a carta, porque não entendia a letra”. Propus-me a explicar o seu conteúdo, o estado do paciente e o sucedido no ano anterior, contudo, o médico recusou todo e qualquer argumento que eu tentava apresentar interpelando-me e insistindo que estava tudo bem com o paciente. Mais acrescento que já há algumas horas que o paciente não era capaz de se deslocar com os seus próprios meios, embora sempre o tivesse feito até então. Tal foi a pressa que o médico tinha em mandar o paciente embora que foi só quando chegámos a casa, que o próprio teve de remover o catéter esquecido pelo médico, resultando daí alguns hematomas, uma vez que este não foi removido da forma mais adequada. O paciente permaneceu de cama até ao dia 19, dia em que fomos novamente obrigados a chamar o INEM. O paciente tinha passado a noite muito agitado. Nesta altura apresentava febre e a sua perna esquerda estava muito escura e fria. Deu novamente entrada nas urgências do mesmo hospital, onde se decidiu que devia seguir para Coimbra. Em Coimbra, disseram-me que a cirurgia a que o paciente teria de ser submetido, também podia ser feita em Aveiro. Assim sendo, o paciente tornou ao Hospital de Aveiro. No dia 22 do mesmo mês, a perna de que o paciente se queixava foi amputada. É no meu entender e da minha família que não é preciso ser médico ou ter qualquer tipo de formação na área, para perceber que algo não correu bem. É evidente a inconsciência e negligência do médico que atendeu o paciente a primeira vez nas urgências. É da minha vontade e no da minha família que sejam apuradas responsabilidades. Apresento-me disponível para qualquer esclarecimento adicional. Sem outro assunto de momento, António de Oliveira Novo
Diário de Aveiro


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