PORTUGAL NO SEU MELHOR

Um cidadão português, que lidera uma Câmara Municipal entrou num campo de futebol, espetou o dedo em direcção ao árbitro, ameaçou-o, partiu, com um coice, uma mesa de apoio à arbitragem e saiu como entrou: livre que nem passarinho a chilrear em plena primavera. Esta actuação atraiu imediatamente os sedentos por comportamentos de selvajaria e afins, que não hesitaram em dar-lhe o sublime prazer de ir vomitar publicamente justificações para tamanhos actos. Convencidos que iriam moldar uma mente perversa, ou levá-lo a um acto de contrição, também apanharam por tabela. Muito bem feito. Se quem dorme com criancinhas, corre o risco de acordar molhado, quem convida alienados mentais para justificar comportamentos hediondos só pode ter como consequência ouvir o que não gostam. Na TVI, Manuela Moura Guedes quis ser incisiva. Levou como resposta, ser cega. Na SIC, Paulo Camacho quis ser juiz. Levou como resposta ser mentiroso. No fim - ou para utilizar um termo mais apropriado à situação - na ressaca deste episódio, o homem sorriu, riu e deu gargalhadas, enquanto passeava, com ar triunfante, entre microfones e câmaras da TV. Depois ainda há quem se espante que o povo pense, afinal com justificada razão, que também terá direito à selvajaria e ter como consequência tratamento VIP na televisão. Ou, por contraponto, pense que, afinal, tudo vale a pena quando a selvajaria não é pequena. Daqui por dois anos, veremos se este cidadão não vai ser reconduzido no cadeirão da Câmara de Marco de Canaveses. E, por larga maioria, para que não subsistam dúvidas. Portugal ameaça, de facto, continuar no seu melhor. *Por Carlos Delgado * Jornalista
Diário de Aveiro


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