MATA DO BUÇACO ABANDONADA

Mata do Buçaco abandonada Degradação alarmante do património vegetal “De há alguns anos para cá, a mata está abandona e o património a degradar-se acentuadamente (...). A mesma não tem vigilância, não tem plano de emergência, em caso de incêndio, não possui meios técnicos e humanos, próprios, e toda a estrutura de prevenção e combate a incêndios que estava organizada, foi eliminada. Assistimos a uma degradação alarmante do património vegetal”. A MAIOR RESERVA Quem o afirmou foi o deputado laranja, Gonçalo Breda Marques, em recente intervenção na Assembleia da República, de resto, a primeira. E fê-lo exactamente para “defender a mata nacional do Buçaco, que é um património com fortes potencialidades”, considerando que se “alguém, hoje, como nós, o quiser salvar, tem fortes hipóteses de ambicionar a consagração de património protegido pela UNESCO”. As preocupações são muitas quanto à gestão actual do património edificado e natural, que praticamente não existe. Daí, o estado de degradação, mas também a falta de protecção. É que, “as próprias árvores e silvas que nascem em locais impenetráveis, sem gestão ambiental, podem destruir espécies únicas no país e na Europa”, pois que, a mata do Buçaco é a maior reserva dendrológica da Europa. Mas também o património construído está a sofrer degradação por esse abandono, o que se verifica concretamente em muros, capelas, ermidas, portas, fontes e outras estruturas em risco de derrocada. FALTA DE OPERACIONALIDADE Refira-se que a gestão da mata é feita através de uma régie cooperativa, mas esta peca pela total ausência da sua concretização, segundo reconheceu o Secretário de Estado do Desenvolvimento Rural, Bianchi de Aguiar, na resposta dada ao deputado. O membro do Governo acabou por reconhecer que “a imagem, a autoridade e o prestígio do Estado, relativamente à gestão das matas públicas e comunitárias tem vindo a degradar-se, de forma clara e devido a situações de abandono técnico”, a que essas áreas têm sido votadas, muito por culpa do anterior governo, que em 1996, ao introduzir uma alteração profunda, desmantelou “a estrutura vertical dos antigos serviços florestais e dos perímetros florestais da qual redundou uma falta de operacionalidade na sua intervenção”. Relativamente à gestão da mata do Buçaco, ela é gerida, na vertente natural, desde 1997, pela Direcção Regional da Agricultura da Beira Litoral, que assinou, em Março do ano 2000, juntamente com outras entidades, nomeadamente, Câmara Municipal da Mealhada, Junta de Freguesia do Luso e Junta de Turismo desta estância termal, um protocolo “com a finalidade de gerir, manter e preservar o espaço florestal, bem como dinamizar, cívica e culturalmente, o património da mata”. Só que, e segundo afirmação de Breda Marques, esta entidade reuniu apenas uma vez para determinar os parceiros. Depois disso, foi o silêncio, causando admiração, ao deputado, pelo facto de todos estes parceiros “ficarem impávidos, de braços cruzados, perante tal degradação nacional, de tão vasto património”. GESTÃO MAIS COMPATÍVEL O Secretário de Estado de Desenvolvimento Rural afirmou, em resposta que o Ministério da Agricultura, Desenvolvimento Rural e Pescas “repensa, neste momento, um modelo de gestão mais compatível, já que, considerou, que a régie-cooperativa nunca se concretizou por problemas técnicos jurídicos que começaram na própria dificuldade ou impossibilidade de se fazer a escritura pública”. Entretanto, e enquanto surgir este novo modelo, já foram dadas “instruções claras” pelos governantes aos directores regionais que “permitem tirar partido e potenciar todos os parceiros que estão identificados, para, em forma de parcerias, não obrigatoriamente formais, através da régie-cooperativa proposta, poderem dar a sua contribuição para uma boa gestão desse espaço”. (23 Out / 11:12)
Diário de Aveiro


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