BASSOCIAÇÃO CULTURAL DA BAIRRADA NO LUXEMBURGO ENTREGOU DONATIVO
PARA MELHORAR A QUALIDADE DE VIDA DA “ROSINHA”

Associação Cultural da Bairrada no Luxemburgo entregou donativo Para melhorar a qualidade de vida da “Rosinha” Catarina Cerca A Associação Cultural da Bairrada no Luxemburgo (ACBL) procedeu, na penúltima quarta-feira, à entrega do donativo (angariado durante a realização de uma festa que teve lugar, nos passados dias 6 e 7 de Julho, na Floresta de Bridel, nas proximidades da cidade de Strassen-Luxemburgo), a favor da pequena Rosa Filipa, da Curia. O evento teve lugar na Junta de Freguesia de Óis do Bairro, freguesia de onde é natural sua mãe, reuniu vários elementos da direcção da ACBL, que se deslocaram propositadamente a Anadia para participar da entrega, assim como alguns familiares mais próximos da criança. Generosidade lusa No total, foram entregues 3.506 euros (cerca de 703 mil escudos) que visam, de acordo com palavras de Rogério Oliveira, presidente daquela associação “melhorar a qualidade de vida de Rosa Filipa”. A criança, que é portadora do sindroma “Cri-du-Chat”, já recebera, desta associação, em Abril do corrente ano, um “verticalizador”, aparelho que rondou os 1.480 euros (296 contos). Agora, das mãos dos representantes da comunidade emigrante bairradina radicada naquele país, a pequena Rosa Filipa, de apenas 4 anos de idade, recebeu ainda uma cadeira-auto, no valor de 126.49 euros; um carro de passeio, avaliado em 299 euros; um cheque de 1.150 euros e um computador, no valor de 450 euros. Este último equipamento irá ajudar a sua mãe, Vera Lúcia, a saber mais (na internet) sobre este raro síndroma. Não restam dúvidas que a Associação Cultural da Bairrada no Luxemburgo é um caso raro em matéria de solidariedade social, “substituindo”, muitas vezes, entidades e organismos oficiais com responsabilidades nesta matéria. Uma associação, pode dizer-se, única, já que, lá longe, os bairradinos continuam atentos e bastante generosos com aqueles que mais necessitam de apoio do lado de cá. Doença muito rara À semelhança de outras tantas iniciativas levadas a cabo por esta associação, desta feita, a ajuda veio ao encontro da pequena “Rosinha” que sofre de uma doença rara em Portugal e no mundo. Rosa Filipa, de apenas quatro anos de idade, nasceu com uma desordem genética, causada pela perda de material genético do braço curto do cromossoma 5, fazendo-a assim portadora de uma deficiência conhecida pelo termo “Cri-du-Chat” (grito do gato), na medida em que as crianças portadoras deste síndroma têm um choro muito característico parecido com o miar de um gato. Rosa Filipa não anda, não fala e é completamente dependente da mãe, com quem reside na Curia, concelho de Anadia. Portadora de um síndroma que atinge uma em cada 50 mil crianças nascidas no mundo e que em Portugal atinge, na zona centro do país, apenas cinco casos, detectados nos últimos dez anos, Rosa Filipa irá toda a sua vida necessitar da generosidade e da boa vontade dos bairradinos. Uma generosidade que chegou em Abril deste ano, com esta associação a entregue-lhe um aparelho denominado “verticalizador”, orçado em 1.480 euros, que passou a permitir que Rosa Filipa trabalhasse a postura vertical. Agora, foi a vez de receber a maior fatia do donativo angariado. Um donativo bastante elevado e conseguido graças “à generosidade dos emigrantes” e que Rogério Oliveira fez questão de sublinhar “será um donativo a dividir por três”, já que outros montantes, igualmente angariados durante a festa realizada em Bridel, vão agora ser entregues a mais dois jovens deficientes, de outros concelhos. Festa: um sucesso sem precedentes Mas, o sucesso desta iniciativa fica a dever-se a uma festa. Um evento que, como já avançamos, decorreu na Floresta de Bridel, perto da cidade de Strassen e que reuniu mais de quatro mil pessoas, ultrapassando, assim, todas as expectativas, até porque, como explicou Rogério Oliveira “durante todo trabalho de preparação choveu quase ininterruptamente”. Contudo, naquele primeiro fim de semana de Julho, o sol resolveu brindar a Floresta de Bridel, permitindo a angariação de qualquer coisa como 13 mil euros (mais de 2.600 contos). Um sucesso sem precedentes e que na opinião daquele responsável se fica também a dever “à extraordinária participação dos vários artistas presentes, principalmente do Rancho Folclórico da Casa do Povo de Vilarinho do Bairro, que recebeu milhares de aplausos”. Para Vera Lúcia “a associação veio ajudar-me num momento muito difícil” e “contribuir para melhorar a qualidade de vida da minha filha”. Agora, com estes equipamentos, que não tinha possibilidades financeiras de adquirir, “vou poder ajudá-la mais”, destacou. É que, como explicou a JB, desde que a criança nasceu Vera Lúcia debate-se com graves dificuldades financeiras e, apesar de passar roupa a ferro para fora e fazer algumas limpezas, admite que o seu dia a dia é feito de incertezas e dificuldades financeiras. Daí que, sozinha e em desespero de causa, tenha no início deste ano, colocado um anúncio num jornal da região, a pedir ajuda à população para a aquisição o equipamento que agora chegou. Um apelo ouvido lá longe pela ACBL que decidiu ajudar. Agora, nos projectos de Vera Lúcia está a intenção de formar, em Portugal, uma Associação de crianças portadoras do Cri-du-Chat, pelo que o computador, segundo a própria, “vai ajudar-me a saber mais sobre este raro síndroma, ao mesmo tempo que me vai possibilitar entrar em contacto com hospitais, médicos, técnicos de saúde que conheçam e estudem esta doença”. Quanto aos restante equipamento admite que, pelo menos, até que Rosa Filipa tenha 11/12 anos não terá mais problemas de locomoção, já que as cadeiras agora adquiridas dão até essa idade, tal como acontece com o verticalizador que, segundo Vera Lúcia, “já começou a dar os seus frutos, notando-se perfeitamente que os músculos do corpo da Rosinha estão mais fortes, tendo adquirido já uma postura mais direita”. (16 Ago / 10:10)
Diário de Aveiro


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