ESCOLA BÁSICA E SECUNDÁRIA DE ANADIA: FALTA DE CERTIDÃO DO REGISTO PREDIAL COMPROMETE COMPARTICIPAÇÃO COMUNITÁRIA

 

A inexistência de uma certidão do Registo Predial que comprove que a titularidade dos terrenos onde está a ser implantada a nova Escola Básica e Secundária de Anadia pertence à Parque Escolar/Ministério de Educação pode colocar em causa a comparticipação da obra por parte dos Fundos Comunitários.

Autarca preocupada. O alerta foi deixado pela autarca Teresa Cardoso, durante a última assembleia municipal, realizada no passado dia 29 de abril.
Desafiada pelo deputado e presidente da Concelhia de Anadia do PSD, Henrique Fidalgo, a explicar a razão por que parece estar mais preocupada com a titularidade dos terrenos da atual ESA e da EB 2/3 de Anadia do que com a conclusão da nova escola, a edil anadiense rebateu a acusação elencando as várias fases do processo e o seu envolvimento pessoal, tendo-se desdobrado em contactos e reuniões com Ministro da Educação e Secretários de Estado da Educação, bem como com a Parque Escolar, no sentido de pressionar para retomar a obra e saber da sua conclusão.

Perda de financiamento. Agora, explicou, com a obra na reta final, a autarca relembra que existe uma questão que tem de ser rapidamente ultrapassada, sob pena de se poder perder financiamento europeu.
A questão prende-se com a titularidade dos terrenos onde está a ser construído o novo equipamento escolar.
Durante a sessão, Teresa Cardoso defendeu a “permuta de terrenos e edifícios” para que tanto a EB 2/3 como a ESA não fiquem ao abandono, depois da entrada em funcionamento da nova escola. “Os edifícios já estão bastante degradados e sabemos que depois de desativados, ficam ao abandono”. A edil lamentou ainda que sobre esta matéria, até àdata, não haja resposta da tutela, embora tenha, no passado, existido um compromisso verbal de que aqueles terrenos e equipamentos passariam para a mão da autarquia com a construção do novo equipamento escolar em terrenos cedidos pelo município.

Burocracia. Com o passar do tempo e com a obra a chegar ao fim, Teresa Cardoso mostra-se preocupada com o impasse, mas também com o tempo que a Direção Geral do Património do Estado (tutelada pelo Ministério das Finanças) demora a tratar qualquer questão que se relacione com o património do Estado. Aliás, esta terá sido uma das várias questões que abordou com Pedro Passos Coelho, aquando da recente deslocação do Primeiro-Ministro ao concelho. “Este é um problema transversal a todos os municípios. Esbarra-se sempre no Ministério das Finanças/Direção Geral do Património do Estado sempre que é necessário resolver algum assunto seja com que ministério for, desde que envolva património.”
A edil adiantou ainda a disponibilidade da Parque Escolar “para suportar os custos com a avaliação” até ao momento por fazer, embora saiba que da avaliação até ao acordo final pode passar bastante tempo. E dá como exemplo o caso dos Dispensários de Serviço de Luta Anti-Tuberculose – SLAT (existem dois no concelho – um em Sangalhos e outro em Anadia – este último praticamente em ruínas) avaliados em dezembro de 2014, mas que ainda não passaram para a posse da autarquia.
A edil explicou aos deputados que, sendo a nova escola uma obra financiada pelos Fundos Comunitários, é preciso que se comprove, através de certidões do Registo Predial, a posse dos terrenos. “A Parque Escolar tem de fazer prova de que os terrenos são seus”, explicou, dizendo ainda que “neste momento, os terrenos são do município. É preciso resolver esta matéria sob pena de não poderem encerrar a candidatura relativa à obra”. Uma situação que, na pior das hipóteses, pode levar à perda total do financiamento comunitário por parte desta obra, ou seja, vários milhões de euros.
A JB Teresa Cardoso avançou também que ainda no mandato do ex-autarca Litério Marques “quando começaram as negociações, os terrenos onde estam a EB 2/3 e a ESA nem sequer estavam registados”, defendendo agora que para ambas as partes (município e Ministério da Educação) a permuta de terrenos e equipamentos será a melhor solução.
Teresa Cardoso destaca ainda que esta não deveria ser apenas uma preocupação do município mas, sobretudo, do Poder Central que pode sair bastante prejudicado.

Catarina Cerca


Diário de Aveiro


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