PETCOKE 'PROVOCA ASMA, PROBLEMAS CARDIOVASCULARES E CANCRO DO PULMÃO. ESTUDO REALIZADO PELO IDAD É ESTRANHO' - HUMBERTO ROCHA.

A alegada 'poluição do ar' na Gafanha da Nazaré continua a motivar queixas da população local, que se sucedem desde o início do ano. A "má qualidade do ar", resultante da movimentação de cargas a descoberto no Porto de Aveiro, onde as poeiras não serão "minimamente controladas" é "uma dor de cabeça permanente".

O armazenamento de 'coque de petróleo' é feito no próprio cais de chegada dos navios transportadores e a população diz-se "muito preocupada", continuando activa na defesa dos seus interesses.

Humberto Rocha (na foto), médico e ex-Presidente da Câmara de Ílhavo, em comunicado enviado à redacção Terra Nova, diz que os resultados do recente estudo do IDAD, que fala em 'qualidade do ar na generalidade boa' são "muito questionáveis e estranhos".

Para Humberto Rocha, os cidadãos da Gafanha da Nazaré "são, em permanência, expostos a níveis elevados de partículas nocivas à saúde". O Petcoke é movimentado no Porto de Aveiro há dois anos. É "muito prejudicial à saúde porque provoca asma, problemas cardiovasculares, cancro do pulmão e morte prematura", disse na Terra Nova.

A CIMPOR "fez um pedido para o licenciamento para a concessão da instalação de recepção, armazenamento e expedição de Petcoke no Porto de Aveiro mas, falando em armazenamento, lá, não há nenhum armazém. Querem atirar areia aos nossos olhos".

O Petcoke "é perigoso porque contem elementos como enxofre, metais pesados e hidrocarbonetos poli-cíclicos que são muito perigosos para a saúde. Vem em partículas finas (PME10) que são transportadas pelo vento para a zona habitacional", sublinhou. O Petcoke, que está a ser colocado em pilhas, a céu aberto, "é um derivado do petróleo e é formado por pequenas partículas (PM10), que são um tipo de partículas inaláveis, de diâmetro inferior a '10µm' e constituem um elemento de poluição atmosférica. Podem penetrar no aparelho respiratório, provocando inúmeras doenças respiratórias, que facilmente são transportadas pelo vento".

"Os cidadãos de alguns Concelhos de Lisboa, Porto, Aveiro, Ílhavo e Estarreja têm sido, continuamente, ou quase continuamente, expostos a níveis nocivos de PM10”.

A população da Gafanha da Nazaré continua a alertar e a protestar contra o que diz ser os "malefícios do Petcoke para a saúde".

O Estudo realizado pelo IDAD deveria, na opinião de Humberto Rocha, ser feito de outra forma. "A nossa preocupação existe porque foi feito um estudo que adianta um parecer que o nosso ar é bom, na Gafanha. Esse estudo não prova rigorosamente nada porque foi mal concebido. O estudo realizado apresenta, na verdade, um grande erro estrutural. Apesar de no título referir que pretende a 'Avaliação da Qualidade do Ar na envolvente do Porto de Aveiro', na prática teve como objectivo principal a avaliação da qualidade do ar na zona da Gafanha da Nazaré. Se o objectivo era avaliar o potencial impacto das emissões do Petcoke na envolvente do Porto de Aveiro, seria imperioso que essa avaliação fosse realizada nos receptores humanos mais próximos das pilhas de Petcoke no sentido dos ventos dominantes (Norte e Noroeste), para que a qualidade do ar fosse avaliada na zona onde se espera que o impacto seja maior, e não num local a cerca de 600 metros mais distante. O Decreto-Lei n.º 102/2010, de 23 de Setembro, refere explicitamente que os valores limite são de protecção da saúde humana, e por isso, em estudos com este objectivo, dever-se-iam medir junto às habitações onde se prevê o maior impacto", sublinha.

"Deveria haver um Ponto de Medição junto das residências mais próximas da vedação do Porto Comercial. Então estes moradores não serão mais prejudicados pela má qualidade do ar? Não seria expectável que os valores dos poluentes aí recolhidos fossem mais elevados?", questiona.

"De 29 dias só aproveitaram 13 e a interpretação dos resultados é pouco detalhada. Não referem quando é que há movimentação de cargas nos navios e comboios". O Petcoke é movimentado no Porto de Aveiro há dois anos. "É muito prejudicial à saúde porque provoca asma, problemas cardio-vasculares, cancro do pulmão e morte prematura", disse na Terra Nova, adiantando que a CIMPOR "fez um pedido para o licenciamento para a concessão da instalação de recepção, armazenamento e expedição de Petcoke no Porto de Aveiro mas, falando em armazenamento mas lá não há nenhum armazém. Querem passar areia pelos nossos olhos. O Petcoke é perigoso porque contem elementos como enxofre, metais pesados, hidrocarbonetos poli-cíclicos que são muito perigosos para a saúde. Vem em partículas finas (PME10) que são transportadas pelo vento para a zona habitacional", sublinhou.

A população da Gafanha da Nazaré continua a alertar e a protestar contra o que diz ser os "malefícios do Petcoke para a saúde". O Estudo realizado pelo IDAD deveria, na opinião de Humberto Rocha, ser feito de outra forma. "A nossa preocupação existe porque foi feito um estudo que adianta um parecer que o nosso ar é bom, na Gafanha. Esse estudo não prova rigorosamente nada porque foi mal concebido. O estudo realizado apresenta, na verdade, um grande erro estrutural. Apesar de no título referir que pretende a 'Avaliação da Qualidade do Ar na envolvente do Porto de Aveiro”, na prática teve como objectivo principal a avaliação da qualidade do ar na zona da Gafanha da Nazaré. Se o objectivo era avaliar o potencial impacto das emissões do Petcoke na envolvente do Porto de Aveiro, seria imperioso que essa avaliação fosse realizada nos receptores humanos mais próximos das pilhas de Petcoke no sentido dos ventos dominantes (Norte e Noroeste), para que a qualidade do ar fosse avaliada na zona onde se espera que o impacto seja maior, e não num local a cerca de 600 metros mais distante. O Decreto-Lei n.º 102/2010, de 23 de Setembro, refere explicitamente que os valores limite são de protecção da saúde humana, e por isso, em estudos com este objectivo, dever-se-iam medir junto às habitações onde se prevê o maior impacto", sublinha. "Deveria haver um Ponto de Medição junto das residências mais próximas da vedação do Porto Comercial. Então estes moradores não serão mais prejudicados pela má qualidade do ar? Não seria expectável que os valores dos poluentes aí recolhidos fossem mais elevados?", questiona.

"De 29 dias só aproveitaram 13 e a interpretação de dados é pouco detalhada. Não referem quando é que há movimentação de cargas nos navios e comboios. Mesmo só nos 13 dias com resultados, a 23 de Julho apresenta um valor de 71 quando o máximo para a saúde humana não pode exceder os 50. Além disso o estudo apresentou mais seis dias com níveis muito altos que excederam o limiar superior de avaliação. São valores que tem de ser reavaliados, segundo a legislação, durante o período de um ano e não em 13 dias", vincou.

"Esperamos que este estudo não sirva de moratória para o Concessionário deixar de implementar, rapidamente, todas as medidas necessárias, como as referidas nas reclamações, para acabar com as emissões de Petcoke sobre a Gafanha da Nazaré". Às entidades responsáveis do Porto de Aveiro "compete obrigar o concessionário a tomar, rapidamente, todas as medidas mitigadoras do impacto da dispersão das partículas e poluentes sobre a Gafanha da Nazaré, sob pena de lhe ser retirada a possibilidade de movimentação do Petcoke. Também seria conveniente a instalação, no Porto de Aveiro, duma Estação de Monitorização da Qualidade do Ar, em contínuo, pelo menos de PM10, PM2,5 e BTX (Benzeno, Tolueno, Xileno)". Continuando disse ser "lamentável e desumano que os habitantes da Gafanha da Nazaré estejam sujeitos a contínuas agressões à sua saúde, por inércia ou imposição de quem quer que seja. É nossa obrigação lutar para que os nossos filhos herdem uma Gafanha mais limpa, mais respirável", sublinhou.


Diário de Aveiro


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