PARTIDOS POLÍTICOS PEDEM ACOMPANHAMENTO AOS MORADORES DO BAIRRO DA VISTA ALEGRE.

Os partidos com assento na Assembleia Municipal de Ílhavo dizem que o processo de despejo no bairro histórico da Vista Alegre deve ser acompanhado.

José Alberto Loureiro, do PCP, teme que as cartas enviadas, numa primeira fase a cerca de 10 famílias, seja um processo que será depois alargado a todos os habitantes do bairro. O deputado municipal diz que o interesse imobiliário poderá estar associado à saída das famílias de antigos operários: “Julgo que depois do presidente da Câmara lá ter estado já foram recebidas mais cartas. Sempre ouvi dizer que a empresa pretendia fazer ali uma zona turística com a construção de um hotel. Possivelmente, a primeira coisa que vai fazer é tirar dali as pessoas”.

Hugo Rocha, do PP, recorda que a importância da empresa e do local obrigam a dar atenção ao caso. Admite que a visão empresarial estará no centro das mudanças: “Penso que o Executivo Camarário deve estar ao lado dos moradores. Não me espanta que a Visabeira tenha a obtenção de lucro e talvez de um espaço hoteleiro para aquela zona”.

Pedro Martins, do PS, defende uma intervenção da Câmara de Ílhavo para fazer valer os direitos das pessoas e também ao nível das questões sociais: “A Câmara tem de sensibilizar a administração que vivemos num estado de direito e temos de respeitar os direitos das pessoas. A autarquia deve, também, preocupar-se com a vertente social de pessoas que poderão ter um problema de habitação”.

Mário Júlio Ramos, do PSD, admite que nem todos os moradores estejam em situação de carência e que a fábrica não consiga manter um modelo, já centenário, de ter a mão-de-obra perto da fábrica: “Aquilo que era verdade há cem anos, hoje não o é. Eu não conheço fábrica nenhuma no mundo que tenha o tipo de encargos que tem a Vista Alegre. Muito provavelmente, quando a Vista Alegre construiu aquelas casas, fê-lo para ter trabalhadores porque os meios de transportes de há uns anos, não eram como são hoje. Hoje é fácil ter um trabalhador de Ovar, por exemplo, a trabalhar na fábrica. Naquela altura, a forma de ter mão-de-obra era ter os trabalhadores a morar ali ao lado”.

O debate na última edição do programa “Discurso Directo”.


Diário de Aveiro



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