Em entrevista exclusiva ao Diário de Aveiro, José Guedes fala do crime de Cacia, negando ser o autor do homicídio da jovem de 18 anos. José Pedro Guedes diz “estar a pagar caro uma brincadeira que foi confirmar à jornalista Felícia Cabrita ser o ‘Estripador de Lisboa’
Qual a razão de ter ‘confessado’ não só os crimes de Lisboa, como o da jovem de Cacia, a uma jornalista que nem sequer conhecia pessoalmente?
A iniciativa não partiu de mim, mas sim dessa jornalista, que um dia se dirigiu a mim, num café em Matosinhos, mas já depois de ter falado com o meu filho mais novo e a minha filha. Ela convidou-me para almoçar e eu que estava desempregado, tendo tempo para isso, fui com ela a um restaurante em Matosinhos.
Mas tinha consciência do imbróglio em que se estava a colocar, sendo verdade, ou sendo mesmo mentira, a sua autoria alegada em todos esses crimes de homicídio?
Claro que não. Quando a jornalista veio ter comigo, eu já sabia aquilo que ela queria. Mas ela tinha-me telefonado na véspera, de um número de telemóvel da rede TMN que os meus filhos não conheciam, pois só falavam com ela através de um número da Vodafone. Ela negou que me tivesse telefonado, mas eu não achei graça nenhuma. Quando ela foi à casa de banho, eu telefonei para esse número 96 e o telemóvel dela, que estava em silêncio, acendeu várias vezes. Então eu pensei cá para mim: queres brincadeira, então vais tê-la.
Mas assumir a autoria de vários homicídios é brincadeira?
Eu pensava que só ia falar dos crimes de Lisboa, que já estavam prescritos há vários anos. Mas a jornalista falou-me de um crime, em Cacia, que eu nunca tinha ouvido falar. E como esse crime ainda não está prescrito, eu estou aqui preso há quase um ano.
Diário de Aveiro |