Cláudio Rio Mendes, advogado assassinado pelo ex-sogro, em Oliveira do Bairro, num quadro de disputa parental, “estava disposto a esperar o tempo necessário” para reatar o convívio com a filha, Adriana. Convição manifestada por Clara Correia, procuradora do Ministério Público (MP) na Procuradoria Distrital de Coimbra, ouvida ontem no tribunal de Anadia arrolada pelos assistentes (país do falecido). A testemunha conheceu o advogado através da filha, a juíza Beatriz Correia, ouvida na audiência de terça-feira passada, que era amiga dos tempos da faculdade de Cláudio Rio Mendes e da então namorada Ana Joaquina, igualmente magistrada e única filha do arguido. A procuradora, questionada pelo advogado dos assistentes, elogiou o desempenho profissional do falecido, do qual se apercebeu em recursos apreciados na Relação do Porto mas também por questões pessoais. “Tão bem impressionada fiquei que pedi para patrocinar a minha mãe”, disse. A defesa do arguido Ferreira da Silva, autor dos disparos mortais em plena visita parental no parque da Mamorrosa, a 5 de Fevereiro de 2011, tem usado o despedimento de Cláudio Rio Mendes da Câmara do Porto, onde era advogado, por excesso de faltas injustificadas, para demonstrar “o descontrolo emocional” em que viva. Interrogada pela defesa, a testemunha disse saber de queixas de excesso de zelo nas entradas ao serviço, “uma guerra” movida pelo presidente da Câmara do Porto, Rui Rio, aos advogados síndicos, mas admitiria que “mais tarde” as faltas” se ficassem a dever “ao estado” do falecido. Cláudio Rio Mendes estava “profundamente triste” por não conviver com a filha, mas a Procuradora não lhe viu agressividade, que a contestação de Ferreira da Silva aponta em vários episódios e que terão motivado no primeiro acordo de regulação paternal, em 2009, que as visitas ao fim-de-semana deveriam ser sempre superviosionados pelos pais da vitima. “Era uma pessoa empática, de coração grande, que faz falta”, disse Clara Correia. Ligada à área da proteção de menores, a magistrada considerou “um drama” o caso do casal desavindo. “A única coisa que interessaria era poupar a filha”, declarou. O juiz presidente do coletivo, ontem, ainda tentou concluir o depoimento da juíza Beatriz Correia, por vídeo conferência, mas o advogado de Ferreira da Silva opôs, exigindo a presença física no tribunal, sexta-feira. “Se fosse uma testemunha inóqua, mas depondo da forma como o fez quero interrogar olhos nos olhos”, disse Celso Cruzeiro. Em resposta a questões do advogado assistente, a magistrada judicial acusou a juíza Ana Joaquina, de que foi amiga desde estudante, de tratar de forma “degradante e sem dignidade” o ex-namorado Cládio Rio Mendes nas visitas à filha de ambos. O tribunal agendou para sexta-feira à tarde o depoimento da filha do arguido. Ana Joaquina, que adiou a presença marcada para a terça-feira passada, invocando reuniões com advogados, em Lisboa, continuava, ontem, a meio da tarde, a não confirmar a notificação verbal (por telefone), tendo seguido um e-mail. O pai comunicou ao advogado que “a filha está a contar” deslocar-se ao tribunal sexta-feira. A defesa conta já poder levar a testemunhar numa das próximas audiências o advogado António Arnault, que está envolvido nos processos parentais, por ter sido libertado do sigílio profissional. O mesmo se aguarda para dois outros causídicos de ambas as partes. Fonte: NotíciasdeAveiro Diário de Aveiro |