No próximo dia 26 de maio, a Casa do Povo de Amoreira da Gândara vai promover um almoço de angariação de fundos para as obras de ampliação e remodelação das suas atuais instalações. O evento marca o início de uma nova fase na história da Casa do Povo, mas servirá também para assinalar a comemoração dos 40 anos da instituição.
Manuel Ferreira, presidente da direção, avança que as obras em curso visam “criar condições de funcionamento dignas e adequadas às necessidades dos atuais e futuros beneficiários”.
Em que pé estão as obras para ampliação e remodelação do Centro de Dia e Serviço de Apoio Domiciliário da Casa do Povo de Amoreira da Gândara?
As obras foram iniciadas muito recentemente, mas estão a andar a um bom ritmo. Finalmente, ao fim de cerca de oito anos, foram ultrapassados todos os trâmites burocráticos com que nos vínhamos a confrontar. Foi um processo bastante duro e delicado que nos custou até à data cerca de 27 mil euros em documentos, projetos e licenças. Agora, a instituição vê finalmente nascer a obra que vai mudar o futuro dos nossos idosos em rumo a uma melhor qualidade de vida.
Para quando a inauguração?
O ideal seria dentro de dois anos fazermos a inauguração, contudo temos consciência que esse é um objetivo pouco realista e, por isso, acrescentámos na cláusula do contrato que este prazo poderia ser prolongado consoante a disponibilidade financeira da instituição. Pelo facto de não possuirmos licença de utilização, a instituição não se pode candidatar a projetos que financiem esta obra. Assim sendo, tudo vai depender do tempo que a Casa do Povo demorará para angariar o montante de 523.470 euros (sem IVA), valor pelo qual foi adjudicada a obra e que a instituição não consegue amealhar exclusivamente com fundos próprios.
Pensam fazer entretanto novo almoço para angariação de fundos?
Sem dúvida que sim. A Casa do Povo nunca fez absolutamente nada para angariar fundos, tendo começado apenas há cerca de dois anos através da realização de algumas atividades e eventos com esse fim. O primeiro almoço de angariação de fundos ocorreu no ano passado e o balanço foi bastante positivo, pelo que temos previsto realizar um almoço com este fim todos os anos. Este segundo almoço, a realizar já no próximo dia 26 de maio, além de marcar o início de uma nova fase na história da Casa do Povo devido ao início das obras, vem também assinalar a comemoração dos 40 anos da instituição.
De que forma esta obra será uma mais-valia para a população?
A instituição está localizada num meio rural, com uma população envelhecida e daí que a nossa prioridade recaia na terceira idade que tem apresentado problemas cada vez mais complexos. Pretendemos, assim, criar condições de funcionamento dignas e adequadas às necessidades dos atuais e futuros beneficiários. Neste sentido, as novas instalações irão permitir apostar numa maior diversidade de serviços que respondam mais adequadamente às necessidades da população.
Por este motivo, considerarmos que todos são uma parte interessada no crescimento da nossa instituição, tendo em conta que em todas as famílias existem ou poderão vir a existir idosos. Esta obra não é um capricho nosso, é do interesse de todos. De facto, trata-se de uma obra que além de necessária é obrigatória, pois sem ela não conseguimos responder aos requisitos mínimos legais de funcionamento e, consequentemente, não conseguimos a licença de utilização, o que poderá determinar o encerramento da instituição, com todas as consequências que comporta para os nossos colaboradores, clientes e familiares.
Com a conclusão da obra teremos mais oportunidades de crescimento e consideramos que o nosso crescimento também representa o crescimento social e económico da freguesia.
Que outros projetos tem a instituição em vista, a curto, médio e longo prazo?
A curto prazo temos uma candidatura para formação interna destinada às colaboradoras da instituição e ainda possuímos uma candidatura para um curso EFA (Educação e Formação de Adultos) destinado a pessoas desempregadas da comunidade. Mas a verdade é que o nosso projeto prioritário passa pela ampliação e remodelação do Centro de Dia e Serviço de Apoio Domiciliário. Para o conseguirmos concretizar, a instituição está a concentrar aqui todos os seus esforços, tendo vindo a realizar atividades e tendo ainda algumas previstas até ao fim do ano com o objetivo de angariar fundos. Apenas com esta obra conseguiremos iniciar um novo ciclo de desenvolvimento que nos permite obter a licença que irá colocar-nos na legalidade e extinguir os entraves burocráticos de acesso a novos projetos. Depois desta fase será muito mais fácil o acesso futuro a financiamento para pensarmos num outro projeto, este a longo prazo: a construção do Lar. É por este motivo que a obra ficará com uma estrutura preparada para futuramente se proceder à construção do Lar no piso superior, sendo esta também uma lacuna na freguesia com tendência para se agravar.
Quais as principais dificuldades com que a instituição se tem deparado diariamente?
As nossas grandes dificuldades passam pelas instalações antigas, deterioradas e desadaptadas face aos serviços que são prestados e ao número de clientes a quem damos apoio. Se pensarmos que ao nível da terceira idade o Centro de Dia e o Serviço de Apoio Domiciliário surgiram com cinco clientes cada e que, neste momento, as mesmas infraestruturas servem para apoiar 40 idosos em Centro de Dia e 50 em Serviço de Apoio Domiciliário, percebemos a urgência da execução desta obra.
É de realçar que a instituição não possui licença de utilização, sendo esta apenas dada no fim da obra. Contudo, por controverso que seja, a falta deste documento impede a nossa candidatura a qualquer projeto, inviabilizando a execução da obra com apoios. Vemos muitas vezes instituições a candidatarem-se a projetos de grande envergadura e a crescerem cada vez mais e nós que necessitamos tanto, vemos as nossas instalações a deteriorarem-se de dia para dia com gastos cada vez mais elevados ao nível da sua manutenção.
A resposta à terceira idade é a vossa maior dor de cabeça?
Constatamos também, cada vez mais, maior especificidade nos serviços solicitados pela população e confrontamo-nos com falta de recursos para dar resposta a alguns deles. Efetivamente, as problemáticas que vão surgindo associadas à terceira idade lançam-nos desafios diários aos quais pretendemos dar resposta. Com todos estes constrangimentos, existe uma luta diária e um grande esforço de todos os colaboradores para dar respostas adequadas.
De facto, as nossas dificuldades não passam só pela falta de condições que temos para os nossos clientes, mas também pela falta de condições físicas para os nossos colaboradores. Podemo-nos, contudo, congratular por possuir uma equipa de colaboradores bastante motivada, que faz com que consigamos cativar os nossos clientes, mesmo não tendo as infraestruturas minimamente apelativas ou adequadas, o que significa que dispomos de menores recursos, mas revelamos méritos e capacidades.
Por outro lado, somos confrontados com atrasos mais frequentes no pagamento das mensalidades, fruto das dificuldades que as famílias apresentam face à atual conjuntura socioeconómica. Apesar deste cenário, não se tem verificado diminuição no número de clientes, o que demonstra que a instituição constitui um bem precioso que mesmo com o decréscimo de rendimentos as famílias não querem ou não podem prescindir.
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