A crise e a lei dos compromissos que limita o investimento das autarquias está a levantar dificuldades ao nível da prestação de serviços essenciais. Para o socialista Marques Pereira, Aveiro começa a sentir dificuldades para colocar os autocarros em movimento ou para tapar buracos. Um quadro que se agrava a cada semana que passa e que o deputado municipal vê como dilema para o executivo de Élio Maia.
"Têm as contas sem estarem consolidadas, num estado de falência que não augura nada de bom. Perante esta situação, que do ponto de vista financeiro é muito complicada, não conseguirá debelar esses problemas, apesar das promessas, vãs, do senhor Presidente da Câmara em conseguir resolver esta questão. Neste momento a situação é muito complicada porque existem queixas recorrentes, inúmeras que chegam à caixa de correio da Câmara e que, inclusivamente, o estado da situação é de tal forma grave que temos sido confrontados, mesmo os grupos municipais, com queixas para ver se os partidos que não fazem parte do executivo da Câmara podem dar alguma ajuda”.
Jorge Greno que está a terminar mandato no CDSPP, admite essas dificuldades e responsabiliza o Governo por uma lei que diz ser mal pensada. Greno considera que na secretaria de estado dedicada ao poder local falta experiência.
“Eu penso que, tal como noutras leis que vão sendo feitas por vários governos, incluindo este, muitas vezes quem faz as leis, não tem consciência das implicações reais que essas leis podem ter na sua aplicação prática. Porque uma lei, como esta, vai impedir que os autocarros andem. É isso que se pretende? Eu julgo que não. Dá-me a impressão que há uma pressão grande para se legislar, para pôr as coisas a funcionar de determinada maneira mas depois não se analisa a parte prática. Depois, infelizmente, temos um Secretário de Estado que era presidente de uma Câmara que era mais pequena do que a maior parte das Juntas de Freguesia urbanas de Portugal. Não tem noção do que é gerir uma Câmara com 100 mil ou mais habitantes. Portanto, há coisas que lhe passam ao lado, de certeza, porque ele não sabe”. Diário de Aveiro |