No julgamento do processo Face Oculta, uma testemunha chave da acusação deu conta de favorecimentos que terão permitido a Manuel Godinho levantar carris de linhas desativadas do Tua e de Amarante, com prejuízo para a REFER.
As boas influências do empresário terão levado um coordenador da empresa a tentar adulterar pesagens. O arguido visado vai agora quebrar o silêncio para dar a sua versão.
As sucatas ferroviárias fizeram crescer os negócios de Manuel Godinho a partir de 2003. E também levaram o empresário de Ovar, pela primeira vez, ao banco dos réus, com o processo "Carril Dourado", por suspeitas de furtos na linha do Tua, não provados, que valeram apenas uma indemnização à REFER de 12600 euros, compensando divergências nas pesagens.
O processo Face Oculta foi mais fundo e trouxe novas acusações, de corrupção e burla, entre outros crimes. O cenário é o mesmo: levantamento de carris na linhas do Tua e Amarante, a troco de contrapartidas.
Silva Correia, ex-coordenador do Eixo Douro e Minho, foi denunciado em tribunal por um seu subalterno, Alberto Aroso, por tentar adulterar guias de remessa de carris, de 500 para 100 toneladas, causado prejuízos à REFER e vantagens a Manuel Godinho.
O arguido terá invocado a influência do empresário de Ovar, com acesso a pessoas importantes, mas não conseguiu os seus intentos e acabaria exonerado.
Agora promete quebrar o silêncio, para desmentir que tenha procurado favorecimentos que lhe são imputados. “A conversa não existiu materialmente. Essa alusão às 100 toneladas, o meu constituinte tinha sido deparado com 3 valores diferentes oriundos da testemunha. O que o meu cliente achou fantasioso é como para a mesma realidade apareciam 3 valores e como tinha que comunicar queria apurar afinal qual era a realidade”, disse, ontem, António Esteves, advogado de Silva Correia, ex-diretor da REFER, que espera vez para provar que não era homem de mão de Manuel Godinho. Diário de Aveiro |